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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dólar sobe a R$1,90, maior valor desde junho de 2009

O Banco Central evitou uma disparada maior do dólar nesta quinta-feira (22) com uma intervenção pesada no mercado futuro -nele, as partes compradora e vendedora se comprometem a comprar ou vender determinada quantidade de ativos em uma data futura, voltando a usar contratos de swaps tradicionais pela primeira vez desde junho de 2009.

Nesse tipo de operação, o BC capta dólares no mercado e, no vencimento do contrato, devolve estes dólares pagando no período juros equivalentes ao CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro - taxa que um banco paga para captar dinheiro em outro banco).

O contra-ataque do governo à subida do dólar fez alguns investidores repensarem a estratégia no câmbio, avaliando que a moeda pode subir com menos intensidade após ter se valorizado 19% somente neste mês.

Outros operadores, no entanto, ainda temem que o medo de uma recessão global e de uma crise mais grave na Europa siga contaminando o mercado brasileiro.

DESEMPENHO

A moeda norte-americana fechou em alta de 2,26%, a R$ 1,90 para venda, a maior cotação de fechamento desde setembro de 2009. O dia foi de muita instabilidade: pela manhã, o dólar chegou a R$ 1,95, nível visto pela última vez em julho de 2009 e, após a intervenção do BC no mercado futuro, a moeda chegou a apresentar baixa de quase 1%, abaixo de R$ 1,85.

O BC vendeu o equivalente a R$ 5,23 bilhões (US$ 2,75 bilhões) no mercado futuro para antecipar o vencimento de contratos de swap cambial reverso, que foram usados no começo do ano como parte da estratégia para frear a baixa do dólar.

À tarde, o banco afirmou em nota que poderá voltar a atuar, a qualquer momento, de modo a assegurar condições apropriadas de liquidez nos mercados de câmbio.

O BC tem focado sua intervenção no mercado futuro porque avalia que o fluxo de dólares para o país continua, o que elimina a necessidade de queimar reservas internacionais para aumentar a oferta de moeda estrangeira no mercado à vista. A percepção é compartilhada pela maior parte dos investidores.

O operador de câmbio da corretora Interbolsa, Moacir Marcos Júnior, explica essa ação do BC e também medidas anteriores do governo para frear a queda do dólar quando o cenário internacional não estava tão turbulento.

- O mais importante é que o mercado sentiu que o Banco Central quer botar uma banda [cambial]. É como se ele dissesse: 'olha, R$ 1,60 eu não quero, mas a R$ 1,90 eu também não vou deixar'.

Desde o começo do mês, o dólar já subiu 18%.

"ARSENAL" NO MERCADO FUTURO

De acordo com uma fonte da equipe econômica, o governo pode retirar algumas dessas medidas que tinham o objetivo de diminuir a baixa do dólar.

- Tem muita munição para ser usada ou retirada.

Em julho, por exemplo, o governo decidiu cobrar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as posições vendidas líquidas de câmbio. Na ocasião, o objetivo expresso era evitar mais valorizações do real.

Em Nova York, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo brasileiro está preparado, se necessário, para tomar medidas adicionais para reduzir a volatilidade no mercado de câmbio.

Na opinião do tesoureiro de um banco dealer de câmbio, que preferiu não ser identificado, o governo provavelmente gastará primeiro o "arsenal" no mercado futuro antes de aliviar as restrições às posições de câmbio. Segundo dados do BC, ainda há cerca de R$ 11,4 bilhões (US$ 6 bilhões) em contratos de swap cambial reverso que podem ser revertidos por meio de leilões de swap tradicional, como ocorreu nesta quinta (22).

- Se o mercado for para cima de R$ 1,90, ele deveria entrar de novo.

A disparada do dólar não era exclusividade do Brasil, embora a perspectiva de juros menores nos próximos meses e o imposto sobre o aumento de posições vendidas em derivativos deem mais combustível para o movimento.

Outras moedas associadas a investimentos de maior risco, como dólar australiano, peso mexicano e rand sul-africano também registravam fortes baixas nos últimos dias em meio à preocupação com a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos e com a ameaça de um calote da Grécia em meio à crise da dívida soberana da Europa.

DISPARADA GLOBAL DO DÓLAR

A disparada do dólar não era exclusividade do Brasil. Outras moedas associadas a investimentos de maior risco, como dólar australiano, peso mexicano e rand sul-africano também registravam fortes baixas nos últimos dias em meio à preocupação com a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos e com a ameaça de um calote da Grécia em meio à crise da dívida soberana da Europa.

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