Premiê britânico defende ex-assessor em caso de grampos ilegais

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou nesta quarta-feira (20) que “toda pessoa é inocente até que prove o contrário”, referindo-se a seu ex-chefe de imprensa Andy Coulson. Cameron disse, no entanto, que, se ficar provado seu envolvimento no escândalo das escutas ilegais realizadas pelo tabloide britânico News of the World, ele deve ser processado.

Andy Coulson foi diretor do tabloide entre 2003 e 2007 - época em que ocorreram as interceptações. Ele chegou a ser presono último dia 8, mas foi liberado após pagar fiança. Mais de 4.000 pessoas - entre atores, atletas, políticos, membros da família real, familiares de vítimas de atentados e de soldados britânicos mortos no Afeganistão – tiveram suas ligações telefônicas grampeadas.

Até mesmo o primo do brasileiro Jean Charles de Menezes – morto em 2005 pela polícia de Londres – chegou a ter seus telefonemas interceptados.

Cameron afirmou no Parlamento, reunido em caráter de urgência por causa do escândalo, que a responsabilidade pela contratação de Coulson foi decisão sua, mas lamenta “todo o furor causado”.

Cameron admitiu que o caso afetou a confiança na imprensa, na polícia e nos políticos, e por isso uma investigação “robusta” será realizada. A oposição trabalhista, no entanto, não achou que as explicações do primeiro-ministro foram suficientes.

Pedido de perdão

Nesta terça-feira (19), o magnata Rupert Murdoch – dono do grupo de comunicação News Corp., que é dono, por sua vez, do tabloide News of the World (fechado no último dia 10) – e seu filho James pediram perdão no Parlamento pelos grampos telefônicos.

O magnata, de 80 anos, afirmou que não era responsável pelo escândalo e insistiu que o News of the World representa menos de 1% de seu conglomerado.

Durante a sessão no Parlamento, Murdoch foi atingido no rosto por uma espécie de “torta” com espuma de barbear. Segundo o jornal The Guardian, o agressor é um ativista britânico. Ele se levantou calmamente com um prato descartável com espuma de barbear e deu um tapa na cara de Rupert. Por sua vez, a mulher do magnata Wendi interveio e deu um tapa no agressor.

O homem foi preso pelo forte esquema de segurança e a audiência no Parlamento continuou por mais alguns minutos, em seguida.