O vereador de Belo Horizonte Gêra Ornelas (PSB) afirmou nesta quarta-feira (26) ao UOL Notícias não ter despachado de cueca em seu gabinete, na Câmara de Vereadores da capital mineira, e afirma enxergar indícios de ser vítima de opositores que pleiteiam a sua vaga por conta da eleição do ano que vem. “Em primeiro lugar, eu queria esclarecer que eu não estava de cuecas, mas sim de bermudas, como mostra a foto”, disse. O parlamentar apresentou uma foto na qual ele aparece com mais duas pessoas em um recinto onde ele disse ser o mesmo da gravação do vídeo. “Foi em um sábado. Não achei nada de anormal estar sem camisa porque estava sozinho”, afirmou. O caso veio à tona há dez dias, quando da divulgação de vídeo no qual o vereador sem camisa, e supostamente usando uma cueca samba-canção pelo jornal "Hoje em Dia". O parlamentar estava se negando a falar sobre o assunto, mas deu sua versão sobre os fatos em escritório do seu advogado, localizado no centro da capital mineira. “Vêm uns urubus agora querendo me prejudicar (mas) estou preparado para continuar lutando. É muito difícil falar em nomes, mas ano que vem tem eleição, o que pode explicar muita coisa”, afirmou. O político disse que a gravação teria sido feita por ele, em um fim de semana de 1997, no momento em que ele ajeitava o aparelho dentro de uma caixa de papelão para “tentar flagrar uma pessoa suspeita de roubo” no gabinete dele. “Esse vídeo foi apresentado à imprensa, na época, e ninguém falou nada. Não sei por que ele tomou tamanha repercussão agora por conta de uma bermuda.” Apesar de notícias de bastidores darem como provável a sua cassação pelos seus pares por quebra de decoro parlamentar, o vereador disse estar confiante em que deverá ser absolvido em representação contra ele, na Corregedoria da Câmara Municipal. “Fui notificado tanto pela Câmara como pelo partido. Mas antes vai ter que correr um processo normal, e eu vou me defender. A defesa vai ser entregue no próximo dia 3”, afirmou, para complementar afirmando que não foi expulso da legenda. De acordo com o advogado Antônio Patente, caso o partido tenha definido pela retirada do cliente do quadro de filiados antecipadamente, ou seja, sem que tenha sido apresentada a sua defesa, o vereador pode ingressar na Justiça com ação alegando cerceamento de defesa. Segundo ele, o partido notificou o vereador somente nesta terça-feira (25) para que ele apresente a sua defesa. O advogado afirmou ainda ter havido uma “espetacularização” sobre o episódio da cueca. “Vamos apresentar a defesa, na semana que vem, na Corregedoria da Câmara de Vereadores. Vamos arrolar nossas testemunhas e produzir as provas necessárias e suficientes para que se estabeleça o contraditório e o amplo direito de defesa”, explicou. A gravação que tornou Ornelas conhecido nacionalmente faz parte de processo movido pelo Ministério Público contra ele. O político é alvo de duas ações nas esferas cível e criminal, com acusações de improbidade administrativa, concussão e lavagem de dinheiro. Segundo o órgão, pesa contra o vereador acusação de que reteve parte de salário de funcionário em troca da manutenção do emprego do servidor. Um suposto crime de pedofilia praticado por ele está sendo investigado. De acordo com o promotor de Justiça Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, ainda foram encontrados depósitos sem origem informada na conta do parlamentar da ordem de R$ 690 mil. O vereador nega tudo. No âmbito criminal, Ornelas foi absolvido pela Justiça em setembro deste ano, mas o promotor afirmou que está ajuizando recurso contra a decisão. Na cível, o processo está em fase de sentença. Na última sexta-feira, oficiais de Justiça cumpriram mandado de busca na casa do vereador, no gabinete da Câmara de Vereadores e em uma propriedade rural, localizada no interior de Minas Gerais. Foram recolhidos documentos, fotos e computadores dos locais. O vereador afirmou que o ex-funcionário, que não teve o nome divulgado, entregou o material ao MP não sem antes supostamente chantageá-lo por um longo período. Questionado sobre o fato de não ter procurado a polícia para denunciar a extorsão, ele afirmou não ter “tido a experiência necessária para tal atitude”. “Eu cheguei a dar dinheiro para ele por uns dois a três anos. Mas, na época, eu tinha acabado de chegar à Câmara, era novato, não tinha uma bagagem política para lidar com isso. Não tinha força para enfrentá-lo. Eu fui cedendo e acabei nessa armadilha”, disse o parlamentar, que está no quarto mandato. Sobre a acusação de pedofilia, Ornelas disse ter gravado um vídeo em um motel, cuja cópia também vazou para a imprensa, mas afirmou que a mulher com quem estava não era menor de idade. Ele não informou a data da gravação. Instado quanto ao hábito de filmar seus encontros amorosos, ele salientou tratar-se de uma questão de “foro íntimo”. ‘Eu sou solteiro. Eu brincava com as meninas. Ora gravava e depois apagava. Fazia isso às vezes”, revelou Ornelas, afirmando que se relacionava com garotas de programas.Vereador de cueca em Belo Horizonte
Histórico
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
"Eu estava de bermuda", diz vereador de Belo Horizonte que aparece de cueca em vídeo
13:55
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