Ao sair da reunião da Executiva do PDT, o presidente interino da legenda e deputado federal pelo Ceará, André Figueiredo, afirmou na tarde desta segunda-feira (5) que a saída de Carlos Lupi –presidente licenciado da sigla– do Ministério do Trabalho não altera o apoio dos pedetistas ao governo Dilma Rousseff.
“O PDT ratificou a decisão de que, independente de cargos, nós somos da base de apoio da presidente Dilma e cabe a ela escolher o sucessor do ministro Lupi no ministério do Trabalho”, afirmou Figueiredo.
Questionado sobre quem seria a melhor indicação do partido para sucedê-lo, o parlamentar não quis citar nomes, mas frisou que a legenda criou uma comissão composta pelos líderes da Câmara e do Senado, do presidente e vice-presidente do PDT para fazer o papel de “intermediários” nas conversas com o Palácio do Planalto.
"Nem discutimos nomes porque não sabemos se a presidenta Dilma vai definir se o PDT continua no Ministério do Trabalho ou se continua em algum outro ministério", resumiu.
Comando do PDT
Na reunião, Lupi informou aos seus colegas de partido a decisão de “tirar férias” até o fim de janeiro, quando retoma ao posto de presidente do PDT. O ex-ministro deixou a reunião do partido por volta das 19h e, ao ser questionado sobre o que faria agora, ele se limitou a dizer que iria "continuar trabalhando".
“Ele [Lupi] me disse informalmente que queria tirar um mês para descansar com a família. Depois de sofrer o que sofreu, não dá para estar feliz, mas está equilibrado, sensato. Em qualquer tipo de negociação ele vai estar presente, ainda que não presencialmente”, finalizou.
Demissão
O ministro do Trabalho pediu demissão do cargo após reunião com a presidente Dilma Rousseff, na tarde deste domingo (4). Em seu lugar, ficará, de forma interina, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto
Em nota oficial, Lupi afirmou que sua demissão foi causada pela "perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas". Segundo o agora ex-ministro, sua demissão foi necessária "para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo".
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Lupi também diz que, nos cinco anos à frente do Ministério do Trabalho, gerou milhões de empregos, conseguiu reconhecimento legal das centrais sindicais, qualificação de milhões de trabalhadores e regulamentação do ponto eletrônico para proteger o bom trabalhador e o bom empregador, entre outras realizações.
"Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence", conclui.
Carlos Lupi deixou o cargo após a Comissão de Ética Pública da Presidência da Repúblicarecomendar sua exoneração no último dia 30. Desgastado após a divulgação de um suposto esquema de propina realizada por integrantes do ministério para a liberação de repasses para ONGs, Lupi foi questionado sobre uma carona em um avião pago pelo empresário Adair Meira –que controla duas ONGs beneficiárias de convênios com o ministério– durante uma viagem oficial ao Maranhão, em dezembro de 2009. Lupi negou na Câmara dos Deputados que conhecesse Meira, mas um vídeo mostrou imagens dos dois juntos.
O ministro negou com veemência as acusações durante vários dias, seja no Congresso ou em entrevistas coletivas, mas sua situação ficou insustentável quando uma versão contrária a sua defesa veio à tona e a Comissão de Ética deu seu veredicto.
Sua situação piorou após reportagem da “Folha de S.Paulo” da última quinta-feira (1º) informar que Lupi ocupou simultaneamente, por quase cinco anos, dois cargos de assessor parlamentar em órgãos públicos distintos, a Câmara dos Deputados, em Brasília, e a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Outra reportagem, do sábado (26), mostrou que, de 2000 a 2005, Lupi era assessor-fantasma da liderança do PDT na Câmara dos Deputados em Brasília.
Sétimo a cair
Com a queda de Lupi, são sete os ministros afastados no primeiro ano do governo de Dilma Rousseff: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte). Com exceção de Jobim, que criticou publicamente o governo diversas vezes, todos os titulares deixam o cargo após acusações de corrupção –Rossi, inclusive, foi afastado após comprovação de que usou várias vezes um jatinho pertencente a uma empresa que tinha negócios com o Ministério da Agricultura.
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