Presidente do Afeganistão recusa desculpas dos EUA por morte de crianças

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, rejeitou neste domingo (6) o pedido de desculpas dos Estados Unidos pela morte acidental de nove crianças afegãs, em um novo erro militar de forças da Otan (aliança militar do Ocidente), o que provocou a ira da população.

De acordo com um comunicado de Karzai ao general do Comando Central dos EUA, David Petraeus, manifestar arrependimento não era suficiente para esquecer a morte de garotos, com média de 12 anos, na semana passada.

- As desculpas do general Petraeus não são suficientes. A população está farta destes incidentes, e nem as desculpas nem as condenações aliviam a dor [das famílias das vítimas].

Segundo o site americano The Huffington Post, a Otan pediu desculpas pelo erro cometido nesta última terça-feira (1º). As mortes de civis em operações da coalizão são uma importante fonte de tensão nas relações já difíceis entre o governo de Karzai e os EUA, e que geram indignação generalizada no país.

A agência de notícias France Presse informa que cerca de 500 pessoas se manifestaram neste domingo no centro de Cabul para denunciar as recentes vítimas civis das operações militares. Elas gritavam "morte aos Estados Unidos, morte ao invasor", ou "morte ao governo do presidente Karzai".

Mortes de civis afegãos mancham reputação da Otan

Testemunhas afegãs afirmam que as forças da Otan mataram nesta terça-feira nove crianças que recolhiam lenha. A Otan já foi acusada de matar 65 civis dez dias antes.

A morte das nove crianças adquiriu tal magnitude que o presidente americano, Barack Obama, fez chegar a Karzai seu "profundo pesar". Na véspera, o general Petraeus já havia se desculpado por esta "tragédia", assumindo sua responsabilidade.

Segundo a Otan, que iniciou uma investigação, as vítimas foram mortas por um helicóptero de combate convocado como reforço, depois que rebeldes atacaram uma base militar americana.

Os civis são as maiores vítimas do conflito no Afeganistão, que já se arrasta por nove anos. Pelo menos 2.400 morreram em 2010, segundo a ONG afegã Afghan Rights Monitor.

Dois terços delas foram vítimas de bombas e ataques dos insurgentes e 21% das operações das forças internacionais.