O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, afirmou nesta quinta-feira (24) que houve acordo entre os países membros para que a Otan (aliança militar do Ocidente) assuma o comando das operações militares na Líbia, até agora dirigidas em conjunto por Estados Unidos, França e Reino Unido.
Segundo a imprensa turca, Davutoglu fez essa declaração após o Parlamento turco autorizar as Forças Armadas do país a participarem da operação.
O governo turco, liderado pelo islâmico moderado Recep Tayyip Erdogan, foi muito crítico com os ataques que a coalizão internacional está realizando contra as forças do líder líbio, Muammar Gaddafi. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, não convidou os dirigentes turcos a participarem de um encontro de cúpula de Paris para discutir sobre a operação na Líbia, o que aumentou as críticas do país aos ataques aéreos ao país africano.
Além da Turquia, outros países se mostraram críticos à operação, principalmente a Alemanha. A Rússia, membro do Conselho de Segurança da ONU, também manifestou reservas em relação aos bombardeios contra as forças de Gaddafi.
Nos últimos dias, diversas rodadas de conversas com o governo americano suavizaram a postura da Turquia, que finalmente decidiu enviar um terço de sua frota (quatro fragatas, uma embarcação de apoio e um submarino) a águas líbias para cooperar no bloqueio de armas ao regime de Gaddafi e em tarefas de ajuda humanitária.
Além disso, a Turquia pôs à disposição da Otan seis caças F-16, mas deixou claro que não participará dos bombardeios. O país deverá se limitar a vigiar o cumprimento da zona de exclusão aérea sobre a Líbia, decretada pela resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que autoriza o uso da força no país africano.
A Turquia foi convidada à reunião que será realizada na próxima terça-feira (29) em Londres, onde o governo de Erdogan pressionará para que se aceite sua proposta de que a direção das operações recaia à Otan, mas também conte com a participação da Liga Árabe.
Otan já vigia litoral da Líbia contra tráfico de armas
A Otan (aliança militar do Ocidente) começou a patrulhar o litoral da Líbia atendendo ao pedido das Nações Unidas para “fechar a principal porta de entrada” de armas ao país, explicou em Nápoles, região sul da Itália, o almirante italiano Rinaldo Veri, encarregado da operação de embargo, chamada “Unified Protector” (Protetor Unificado, em tradução livre).
- A via marítima é o meio mais direto, fácil e rápido de fazer chegar armas à Libia. Estamos fechando essa possibilidade.
As primeiras patrulhas zarparam na quarta-feira e no momento estão em águas internacionais diante das costas líbias, escoltadas por aviões de apoio e caças para interceptar aviões suspeitos.
O oficial italiano coordena a estratégia a partir da central da Otan, perto de Nápoles. Ele destacou que a ação tenta impedir também a entrada e saída de mercenários no país africano.
- Esperamos fechar todas as janelas. Mas uma coisa é certa: atingiremos a porta principal de entrada ao país.
A Otan já mobilizou 16 unidades navais: um navio de comando italiano, dez fragatas (quatro turcas, outras de Canadá, Espanha, Reino Unido, Grécia, Itália e Estados Unidos), três submarinos (cedidos por Espanha, Itália e Turquia) e duas naves auxiliares (vindos da Itália e da Turquia).
Oficial da Otan admite o uso da força
Apesar do comando da aliança militar não ter se envolvido em qualquer situação de combate até agora, o almirante Rinaldo Vineri admitiu o uso da força para cumprir os objetivos da ação militar.
- Se acharmos que uma embarcação está violando o embargo, ela será abordada por militares armados.
As forças envolvidas na operação da Otan têm um “conhecimento profundo do Mediterrâneo” e dispõem de equipamentos adequados para interceptar naves, destacou Vineri à agência de notícias France Presse.
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