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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fraude no Panamericano pode ter começado em 2006

A fraude de R$ 2,5 bilhões que quase levou o banco Panamericano à falência pode ter começado há três ou quatro anos. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (10) pelo diretor de fiscalização do Banco Central, Alvir Hoffmann. Sem querer se comprometer com números, o diretor acabou admitindo que, com isso, o rombo verificado nas contas do banco pode ser ainda maior.

- Ele [o banco] vem fazendo ao longo do tempo, pode ter começado há três ou quatro anos. Existem carteiras que podem ter essa idade. Mas não posso dizer nesse momento há quanto tempo exatamente eles vinham fazendo isso.

Para tentar mapear as contas, um grupo de funcionários do Banco Central já está trabalhando dentro do Panamericano. Parte deles ficará responsável pelo acompanhamento normal dos trabalhos diários, a exemplo do que ocorre em outras instituições bancárias. Outra parte, diz Hoffmann, terá o trabalho de investigar a extensão do rombo e a responsabilidade dos ex-diretores do banco, demitidos nesta quarta-feira (10).

- Não existe intervenção branca. Além da supervisão normal que vai coletar os dados rotineiros como em qualquer banco, teremos algumas pessoas com a responsabilidade de apuração do que ocorreu no passado.

Ainda que o buraco nas contas do banco do empresário Silvio Santos venha a ser maior que o divulgado até agora, o Banco Central aproveitou para garantir que não há qualquer risco de contágio de outras instituições pela quase quebra do Panamericano e nem problemas para os correntistas.

- O problema de solvência [falta de fundos] foi sanado e o banco segue sua vida normal. O único que perde é o dono do banco.

Maquiagem

Hoffmann também afirmou que a diretoria responsável pelo rombo no banco Panamericano pode ter alterado os balanços contábeis para inflar o lucro da instituição. Ainda segundo diretor do Banco Central, o Panamericano pode ter pagado mais de R$ 800 milhões impostos para esconder esses desvios.

- Os efeitos de se apresentar resultados irreais trazem consequências como pagamentos de bônus, algum tipo de recompensa por ser gerador de lucros. E em cima de todos esses eventuais resultados fictícios tem um detalhe: pagou-se imposto. Se tem lucro, paga-se imposto. Se a diferença verificada é de R$ 2,5 bilhões, um terço disso virou imposto.

Ainda assim, Hoffmann não quis se referir ao rombo como um golpe, atribuindo ao caso o que definiu como “uma ocorrência de inconsistência contábil”. Essa ocorrência foi verificada há cerca de seis semanas, quando o BC analisou os balanços do banco relativos a junho.

Para o diretor, não houve falha e nem demora da instituição em apurar as irregularidades verificadas no Panamericano.

- Se houve falha? Claro que não. O BC não fez nada de errado, quem fez foram eles [os ex-diretores do Panamericano]. Assim que identificamos, agimos para resolver.

Culpados

O diretor do BC preferiu não apontar qualquer responsável pela crise vivida pelo Panamericano. Segundo Hoffmann, a autoridade monetária já começou a recolher provas dos supostos crimes cometidos dentro do banco, que podem vir a ser computados dentro da Lei do Colarinho Branco, que envolve crimes como sonegação fiscal, contra o sistema financeiro e a ordem econômica e até lavagem de dinheiro e corrupção.

- Já iniciamos o processo. Mas nesse caso não é uma situação de contar que matei uma cobra. Tenho de mostrar a cobra e o pau. Tenho de mostrar provas. É trabalhoso.

O que levou à crise?

A jogada que resultou na quase intervenção sobre o Panamericano funcionava assim: como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras de crédito para grandes bancos.

O que ocorreu foi que algumas dessas carteiras, mesmo já repassadas adiante, continuavam entre os ativos do banco, sendo consideradas como “prontas para ser vendidas”. As carteiras, portanto, continuavam a ser contabilizadas como ativos, apesar de não pertencerem mais ao banco.

É como se uma pessoa recebesse dinheiro pela venda de um carro, mas continuasse negociando o veículo em novas vendas, sem entregá-lo ao comprador.

um carro que o proprietário quer vender, negocia com o novo dono, pega o dinheiro, mas continua usando o carro e negociando este veículo com outros, sem se desfazer dele.

- São operações volumosas, pacotes de operações que têm 10, 15 mil operações de pequeno valor. Concluiu-se que algumas operações que já estavam em outros bancos como operações adquiridas por outros bancos, remanesciam no balanço do banco. O banco vendia e não dava baixa daquele ativo.

O banco apresentou no segundo trimestre de 2010 um prejuízo de R$ 20,9 milhões, comparado ao lucro de R$ 44,2 milhões no primeiro trimestre deste ano e R$ 51,1 milhões do segundo trimestre de 2009. Isso significa que, em um ano, o Panamericano perdeu R$ 70 milhões.

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