Evento chama a atenção para um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha Neste domingo, às 10 horas de Barcelona, o papa Bento XVI rezará a missa da Catedral da Sagrada Família que irá consagrá-la como basílica. Além da importância religiosa do evento, todos os olhos vão recair sobre a joia inacabada do arquiteto catalão Antoni Gaudí, que atrai todo ano mais de 3 milhões de visitantes. Gaudí remodelou totalmente o projeto original. Embora esteja alinhado com a art nouveau, repleta de formas orgânicas, o estilo de Gaudí é único. “Ele é totalmente inovador. É um catalão que tem contato com a influência dos azulejos deixada pela arte islâmica e consegue somar isso às torres altas trabalhadas, que remetem ao gótico”, analisa Débora Gigri, professora de história da arte do Centro Universitário Belas Artes. “Ele traduziu a cultura catalã no trabalho dele, de forma extremamente pessoal.” Na catedral, foram usadas colunas com tripartições na junção com o teto, que lembram as ramificações de uma árvore. Todo o projeto da Sagrada Família remete a uma floresta - as formas orgânicas da natureza sempre foram a inspiração maior de Gaudí. Cada detalhe corresponde a um detalhe específico da simbologia cristã. Sabendo que não a concluiria em vida, o arquiteto deixou pronta a fachada da Natividade, repleta de detalhes, para inspirar o restante da obra. As outras duas são a fachada da Paixão, já completa, e a da Glória, em andamento. A construção foi interrompida pela Guerra Civil Espanhola, em 1936, e retomada na década de 1940. “Ele deixou a maquete e vários desenhos prontos, mas eles foram danificados durante a guerra. Por isso a dificuldade de retomar a construção depois da sua morte”, diz Nilson Ghirardello, professor de arquitetura da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) de Bauru. Um dos aspectos mais intrigantes da Sagrada Família é a estrutura de sustentação do peso. “Houve um estudo profundo do jogo de forças necessário para esse efeito estético”, diz Ghirardello. No lugar dos arcobotantes (que formam a estrutura da abóbada das igrejas) e do apoio de contrafortes (pilares externos) usados na arquitetura gótica, Gaudí criou as catenárias, linhas curvas no formato de hipérbole, em que a força aplicada em um ponto qualquer da curva a divide igualmente por todo material. As colunas hiperbólicas, por exemplo, têm forma semelhante a um osso ou uma ampulheta. Somente na década de 1980, a condução do projeto e da construção passou a ter auxílio de computadores, que facilitaram muito o processo de integrar técnicas de construção de época a tecnologias recentes. A continuidade da obra, prevista para acabar em 2026, é controversa, por conta da destruição de parte dos originais de Gaudí e das diversas alterações que o projeto já sofreu. “Alguns arquitetos catalães discutem a validade de concluir a Sagrada Família. Não há como seguir um projeto original, é tudo adivinhação e inspiração no que já foi feito”, diz Guirardello. Apenas as partes construídas por Gaudí, cripa e fachada da Natividade, são tombadas pela UNESCO. Seja a Sagrada Família concluída ou não, a catedral já alcançou o posto que Gaudí sonhou para ela: “O último grande santuário do Cristianismo”. E possivelmente, uma das obras arquitetônicas mais estonteantes da humanidade, visita obrigatória em Barcelona.
Em seu projeto original, a obra seria uma catedral neogótica, não muito diferente da Catedral da Sé, em São Paulo. Por divergências com os responsáveis pela obra, o arquiteto Francesc del Villar ficou apenas um ano no comando. Antoni Gaudí, com 31 anos na época, assumiu o projeto, em 1883.
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sábado, 6 de novembro de 2010
Catedral da Sagrada Família receberá Bento XVI no domingo
21:06
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